quarta-feira, 11 de abril de 2018

Esteticistas/cosmetologistas... ainda existem felizmente!

Tenho vindo a assistir, como todas as esteticistas/cosmetologistas da velha guarda, a um completo abandalhar da área da estética, o que me dói imenso. E quando digo abandalhar, decerto a maior parte concorda comigo, é mesmo abandalhar.
Há uns anos o Governo achou que todos tinham o direito de adentrar a área da estética, acabando com a carteira profissional e exigindo que para tal existisse apenas um certificado, mesmo manhoso, tirado em qualquer chafarica ao preço das bananas.
Desculpem a linguagem e a ironia desta publicação, mas enquanto esteticista/cosmetologista, orgulhosa detentora de uma carteira profissional (que já não me serve para rigorosamente nada), formadora de estética e no mercado há 25 anos, vejo toda esta decadência cada vez com mais tristeza.
Tira-se um cursozeco de unhas de gel, para logo a seguir abrir um espaço (ou trabalhar em casa num quartinho muito bem decorado). Claro que com o espaço aberto vamos oferecer também o serviço de epilação com cera (não tem formação mas já viu fazer e é fácil). Em vez de arrancar os pêlos pode parti-los, mas que importa... a cliente sai de lá sem eles. E se ficou queimada ou com folículites (o que é isso?)







Nas unhas também não vem grande mal ao mundo se não fizer muito bem, porque são só unhas, e se o gel cair volta-se a pôr. Esquecem-se os cuidados de higiene e passam-se micoses e afins como se se estivesse a distribuir rebuçados, pois os esterilizadores são caros e não são imprescindíveis.




Mas isto, caríssimas, é o menos. Angariam-se clientes pelo preço baixo e com algum poder de compra até se compram máquinas. Os vendedores ensinam a trabalhar com elas. mas os conhecimentos fundamentais de base não existem. E podem acontecer coisas graves.




E por tudo isto e muito mais, a esteticista é cada vez mais vista como alguém que faz umas cócegas e aplica uns cremes. Mas não... Muito longe disso. Eu e tantas outras como eu tivemos anatomia á séria. Não havia músculo que não se conhecesse, ossos, a pele em profundidade, os anexos. Tinhamos cosmetologia e sabemos de facto o que é uma emulsão, um princípio activo. Não nos limitamos a aplicar um  creme porque diz que é para este ou aquele tipo de pele. Sabemos os tipos de pele e os estados. Fazemos diagnósticos bem feitos, não olhamos simplesmente. Conhecemos as principais doenças de pele que aprendemos em dermocosmética. (Tive, com muito orgulho, 19 a cosmetologia e dermocosmética). Sabemos as contra indicações de todos os procedimentos (sim, todos têm). E sabemos que massagens não são festas e uma limpeza de pele é  muito mais que aplicar um peeling e uma máscara.
De facto aprendíamos muito. Tento, ainda hoje, apesar dos referenciais terem sido reduzidos, dar cursos sérios e de qualidade.
Para quem não sabe, e a titulo de curiosidade, o curso de estética é em alguns países, como a Itália, por exemplo, um curso superior.
Gostava de voltar a ver cursos de qualidade, a ver surgir profissionais competentes e sérias.
Pelo respeito da minha profissão. Pela qualidade. Pela segurança da/o cliente.